Depois do Oásis ainda houve tempo para passear calmamente pela pequena vila, e pelos jardins e Hortas circundantes. Ali encontramos todo o tipo de verduras e fruta como tomates, pimentos, figos, romãs, azeitonas, etc...
Fizemos também uma visita ao Ksar. Um Ksar (ou alcácer - do árabe "Qsar" - "قصر") é uma pequena vila fortificada, composta por casas, armazéns e outras estruturas colectivas (como mesquitas), geralmente situado num oásis do Magrebe, e construídas em adobe ou outro material semelhante. Este é ainda incrivelmente habitado por algumas famílias.
De volta ao Albergue fomos convidados pelo Safi para uma pequena visita social a casa da sua mãe, e la fomos nos... sem saber o que nos esperava...
Chegamos a uma casa térrea de tamanho considerável e somos convidados a entrar. Algumas crianças deambulam por todo o lado e o Safi convida a Catarina para entrar na zona da cozinha. Ao tentar segui-la sou subitamente barrado: Non! Pas de tout! Seulement des femmes! Les hommes c'est celui la!! So mulheres? Que raio?! Aceno com a cabeça e sou conduzido para uma sala onde se encontram apenas homens. Nesta cultura ancestral e ainda muito tradicional, os homens e as mulheres ainda fazem a sua vida separados. Nada de misturas!
A sala é decorada apenas com tapetes e almofadas no chão e existe um pequeno móvel com uma televisão. Alguns homens já se encontram sentados encostados à parede, ao que começo a cumprimentar toda a gente: Salam! Salam Aleikoum! ça va bien?
Desenvolve-se uma conversa muito interessante sobre a Argélia, o terrorismo, e todo o bluff politico que envolve este pais tão hospitaleiro. Na verdade, e ao contrario só que se pensa na Europa, já não há casos de terrorismo há muito tempo, e é tudo (segundo eles) um caso de agitação e manipulação politica por parte dos EUA; pelo facto da Argélia ser um pais produtor de petróleo.
Pessoalmente, sentimo-nos muito seguros e extremamente bem recebidos por aqui. Existe actualmente um esforço muito grande do governo para garantir a segurança dos cidadãos, e vemos imensa policia por todo o lado. Mas é uma presença simpática e não autoritária. Pedem-nos sempre para parar, mas apenas para apreciar a moto!
Tudo isto em frente a um chá de menta! E' um corropio de gente e a entrar e a sair daquela casa, e pergunto-me porquê.. Vim mais tarde a descobrir através da Catarina, que se tratava de uma festa de Condolências pela morte do Patriarca da família, que morreu há uns tempos atrás.
Mais uns Salam Aleikoum's, e eis que chega o jantar: Couscous! Feito pelas mulheres que só começaram a comer na cozinha depois do ultimo homem ter terminado. Ha um que brinca: "Maintenant tu va manger avec des terrorists!" - Todos se riem e começa a refeição.
Observo com atenção como fazem, e repito tentando fazer o mesmo. O pedaço de carneiro que acompanha os Coucous é desfeito com as duas mãos e dividido em 4 pelos convivas que comem sentados no chão em cima de pequenas mesas a um palmo do chão.
A carne come-se com as mãos, e o couscous com uma colher, e todos comem directamente da terrina a sua porção. Que experiência!
A Catarina por seu lado, diverte-se entre as mulheres ajudando na preparação do jantar num enorme alarido frenético. Inicialmente foi conduzida para uma sala idêntica em tudo a dos homens, mas onde se se encontravam algumas anciãs, inclusivamente a Matriarca. Esta ultima, de ar austero mostra bem a sua posição, dando ordens a toda a gente.
A Catarina la se consegue escapulir das anciãs e propõe-se a ajudar na cozinha. Os Coucous são preparados de forma tradicional, e fala-se dos costumes locais e portugueses.
No lado dos homens a conversa, como se havia de esperar vira para Futebol... Estou lixado! Pesco tanto de bola como da vida sexual da lula algarvia: "Vous est du Benfica?" - Parece que ha um argelino a jogar na Madeira... Subtilmente tento mudar a conversa para o relato da viagem, enquanto chega mais chá!
Uma hora mais tarde aparece o Safi dizendo que nos acompanha ao Albergue. Feitas as despedidas, la aparece a Catarina vinda da copa dizendo: "Ui... A confusão la dentro com as mulheres e crianças é total! Ja te mostro, porque filmei tudo!
A caminho do Albergue ouve-se os sons de um casamento tradicional. A nosso pedido somos levados ao local. Duas dezenas de convivas dançam uma dança tribal em frente a uma tribuna onde se encontra o noivo. Tudo ao som de tambores e gaitas.
Espectacular! As mulheres fazem a sua festa separadas numa casa ali perto, onde se ouve RAI alto e a bom som! Por Allah! Que confusão! Tiro algumas fotos e videos e retiramo-nos para o albergue para não incomodar.
Foi uma noite cheia! Uma experiência inesquecível!
Nao perca amanha o próximo episódio, porque nos... também não!!!!
Atento e à espera do próximo episódio, continuação de boa viagem.
ResponderEliminarAbraço
simplesmente arrebatador, o fascinio do vosso relato! quero mais...
ResponderEliminarSão noites como essas que nos fazem nunca mais conseguir parar de vadiar.
ResponderEliminarabraços