quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um, dois, três... já cá estamos outra vez!!

Estamos de volta da alucinante aventura em volta do mediterraneo...

A mota foi reparada em Barcelona na segunda feira como previsto. Por volta do meio dia fizemos-nos à estrada. Á meia-noite andávamos por cá, que a pressa de chegar era muita!

Balanço Final:

- Total de Kilometros a rolar: 6.000kms
- Duração: 30 dias
- Travessias de ferry: 3 (+/-55H das quais 20H com mar de força 8)
- Paises visitados: 5 (Portugal, Espanha, Italia, Argelia e Tunisia)
- Gasolina + Cara: 1,54/Litros (Portugal)
- Gasolina + Barata: 0,19 (Argélia)
- Pior Atendimento: (pseudo) BMW Tunisia
- Sitio mais bonito: Oásis de Tiout (Sul da Argélia)

Outros factos se destacaram, mas vou guardá-los para um post mais pormenorizado, ou para uma apresentação pública a realizar asap.

Mais uma vez obrigado a todos pelo apoio que nos deram em mais uma aventura 'overseas'.

Só fica uma questão no ar..

"Para onde é a próxima aventura?"

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Valha-nos Sao Gregorio!!

Passamos os 3 dias de ferry piores das nossas vidas! O ferry de Tunis para Civitavechia saiu atrasado 4 Horas. Tinha bom aspecto, o navio. Mas o aspecto nao chegou para fazer frente ao mar encarpado, encrespado, e às ondas de 4 e 5 metros que nos acompanharam no percurso todo!

Valha-nos Sao Gregorio! Viajamos à boa portuguesa na versao baratinha: nos assentos do restaurante do navio. Nós, 100 Tunisinos e 20 Italianos que embarcaram de Maxi-Trail vindos do sul da Tunísia (Sim! Na itália ainda se usa Maxi-trails para fazer Todo o terreno!), e que sofriam comnosco o choro, os vómitos e os gritos de uma noite e um dia atribulados.

Eu ainda resisti umas horas mas já exausto, tambem fiz a minha 'prece' a Sao Gregório. A Catarina pelo seu lado, agarrada firmemente à mesa do restaurante lá conseguiu aguentar até ao fim, impávida e (quase) serena, perante as ondas gigantescas a bater na frente do navio e os escarros e vómitos agoniantes do Tunisino sentado no banco de trás.

Chegada a Civitavechia no dia seguinte mesmo rés-vés a tempo de comprar o bilhete e embarcar no ferry para Barcelona. Aqui o cenário foi um pouco diferente. O ferry, novo e enorme, quase nao balançava dado o seu tamanho. Apesar disso e passadas 24 horas e já em terra firme, ainda andamos os dois a cambalear, com a sensaçao de que tudo mexe à nossa volta!

Chegada a Barcelona pelas 20H. Fomos directos ao Hotel, porque o concessionário BMW local (Keldenich) já se encontrava fechado. Hoje, cedinho pelas 8H, já estávamos â porta, e fomos recebidos de sorriso na cara, por uma equipa que se propôs de imediato a ajudar em tudo e a fazer um rapido diagnóstico: rolamento do grupo cónico gripado. Estrago em peças: 150 euros. Menos mal! Bem diferente do diagnóstico do amigo Cantiflas da suposta BMW Tunisina que apontava para 800!! E que dizia que era da maxila do travao.

Aguardamos agora por segunda feira para seguir viagem. Entretanto talvez aluguemos uma scooter â boa maneira espanhola.

Até lá... Hola Barcelona!!

domingo, 17 de outubro de 2010

Problém Resolu!! Barcelona, mon amour!!

Bom! Começo este post agradecendo desde já aos inúmeros amigos que nos contactaram oferecendo ajuda e soluções. No meio de de tantos contactos houve um em que resolvemos apostar, por nos parecer viável: o nosso amigo António Gomes, que trabalha na Grimadi, sugeriu que comprássemos o bilhete de ferry na Grimaldi para Civitavechia (Itália) e de la apanhássemos outro para Barcelona. Em Barcelona suponho que já não se põe o problema da entrega da peça por ser em Espanha a origem das peças para toda a Península Ibérica.

Bilhetes comprados, estamos só a espera de Terça feira para embarcar num 'cruzeiro' de dois dias pelo Mediterrâneo. Até la, para fazer tempo, deambulamos pelas ruas, pela Medina, e pelo Cyber Café de Tunis. Ate já fomos ao cinema ver uma película dobrada em Francês!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mas a Baviera tem uma filial Tunisina???? :P

Estes dois últimos dias tem sido um mimo. A mota ja chegou e o diagnostico foi: precisa de uma 'Selle de Frein' e não há em stock. Alias, pela pinta da oficina, e do numero de BMW que vi neste pais (ou seja... nenhuma!) não devem ter uma única peca em stock!.. E que raio é uma selle de frein? Não sei nem o senhor de bigodinho de bata bonita me diz. Alias, parece que amuaram. Não só não me dizem como não dizem a mais ninguém! Nem a pedido da BMW Portugal! Tempo de reparação: 1 mês!! Que é o tempo que leva a pedir a peça da Alemanha. Como não é possível faze-lo (não tenho um mês de ferias), pedem-me para pagar o orçamento da reparação e metem-me a mota a porta!!! Não acredito nisto?!!! Isto e serviço BMW? Será uma filial da Baviera da Expo?

Agora os problemas multiplicam-se. O visto para a Argélia acaba a 22. A peça, assumindo que consigo espancar o senhor da bata bonita e bigodinho a Cantiflas, e sacar-lhe o part number, levara mesmo assim 2/3 dias úteis. Os amigos da assistência em viagem da Logo, ainda não perceberam, ou não querem perceber que já não há tempo para mandar vir o rolamento do grupo cónico, monta-lo, arrancar e mesmo assim atravessar a Argélia toda até Ghazaouet a tempo de embarcar no Ferry. Insistem em fazer a reparação. Acredito que estejam a dar o máximo, mas o caminho não me parece ser por ali.

Falo com a BMW Portugal. Arranjam a peça, mas não chega a tempo. A Baviera Tunisina recusa-se a montar o que quer que seja, se não for encomendada por eles. E a frustração total. Eu a Catarina desdobramo-nos e fazemos contas de kms e tempos de viagem, mas é uma tarefa impossível.

Só me apetece montar tudo na mota e arriscar! Seguir para a Argélia onde existem mais BMW's da policia que camelos e tentar a sorte por la. O João Rodrigues, disse que as vezes o rolamento ate aguenta muito, mas não estou sozinho, e estamos muito carregados. E se alugarmos um carro ate a fronteira? E de la pedirmos ao amigo Alexander de Constantine que nos ajude? Muitas perguntas, e muitas respostas se sucedem na tentativa de encontrar a solução. A logo contacta a Baviera da Expo (bem me parecia que havia aqui qualquer ligação) para saber quanto tempo efectivamente leva a reparação... Hello!!! A Baviera Tunisina não vai arranjar nada!!!! Eles tentam falar com a casa mãe na Alemanha para os obrigar a arranjar a mota, mas o boss que decide não esta. So segunda. Estamos lixados!!

Reclamo que a mota não pode ficar na rua! A assistência chama um reboque e leva a mota para uma pseudo garagem nos arredores da capital, o que eu poderia chamar de pardieiro! Já vi bairros de lata com mais classe! Espero que ainda la esteja quando a for buscar! Sinceramente, quando vi aquele 'quintal' já cheio de ferro velho só me apeteceu sair directo e tentar a sorte na Argélia! Mas a seguradora deve saber o que esta a fazer.. Insha'Alla!!

Valha-me o Ultra-levure que parece estar finalmente a fazer efeito!!

Nota final: Descobrimos onde para o famoso Ali Baba! Aproveitando os seus dotes de ladrão e explorador de grutas terá se estabelecido discretamente em Tunis. O que será que se abre quando ele diz: Abre-te sésamo? =)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

%#$#!@## !!!!!!!! v2.0

Chegamos por volta das 4 da manha! Raisparta o condutor Tunisino que insistiu em fazer a viagem quase toda a 140 na nacional.. Onde raio vou eu arranjar um hotel a esta hora? Assim que saímos do autocarro somos logo abordados por taxistas raivosos avidos de sangue!!! Táxi monseur? Táxi? Táxi? Calma!!! Quero um táxi... mas ainda não sei para onde... lembrei-me do pequeno hotel Salambo, onde ficamos da ultima vez.. mas sei la onde é!? Parece que estou no terminal rodoviário sul de Tunis: Cet combien pour hôtel Salambo?? 8 Dinares? Chiça!! Deve ser longe!! Enfim.. aceito e ala que se faz tarde. O Táxi sai da estação, anda dois quarteirões e para!! %#$#!@## !!!!!!!!
Fomos enganados!! Raisparta estes tunisinos... que saudades dos terroristas da Argélia! Esses ao menos, trataram-nos bem!

Chegamos a porta do Hotel e dizem que esta completo. Procuramos outro. Ha dezenas deles por aqui. Complet! Complet! Complet! Complet! Bolas! Mas não há uma cama vaga nesta terra? Passamos hora e meia a bater a portas em busca de cama, mas a resposta é sempre: Complet!

Resolvemos sentarmo-nos nos bancos do jardim e aguardar pela madrugada, porque por aqui acorda-se muito cedo. Pelas 6 da manha, hora e meia depois, já havia cama no Salambo! Mandriões! Não queriam era descer cá abaixo para abrir a porta! Umff!!
Conseguimos o quarto e exaustos, dormimos até depois de almoço.

De tarde fomos até ao concessionário BMW na zona industrial local. Um tipo de bata BMW e bigodinho manhoso, muito bem apresentado, mas muito mal disposto e antipático diz-nos que a mota só chega no dia seguinte. Desilusão. E nós que já trazíamos os capacetes a pensar que a mota já tinha chegado e que já estivesse reparada... mal sabíamos nos o que nos esperava...

O resto da tarde foi passado a decidir que fazer: Película de acção em árabe (chiça!), Película Romântica francesa (dêem-me um tiro...), ou Internet com teclados QZERTY. Sim.. não me enganei... QZERTY. Só estes tunisinos e que se davam ao trabalho de arrancar e trocar algumas teclas do teclado. 1H para escrever um post e outra hora para trocars os q's pelos a's!!!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

%#$#!@## !!!!!!!!

A noite foi longa. Parece que a pizza com cogumelos causou estragos. As cólicas consecutivas não auguram nada de bom. Pelo sim, pelo não, toma-se ultra levure. E para ajudar chove durante a noite, o nos obriga a levantar para recolher todos os pertences que se encontravam fora da tenda. E isto num sitio onde raramente chove! Enfim..

Acordamos cedo para nos fazermos a pista. As montanhas em redor de cor barrenta parecem saídas de um filme dos flintstones. Parece que temos companhia. Quatro jipes todos artilhados seguem-nos e fazem o mesmo caminho. Vao muito rápido, por isso deixou-os passar.

Passados 15kms, ainda antes de Chinini onde estivéramos na tarde anterior, alguma coisa faz oscilar a roda traseira. Paro a mota e esta a sair óleo do eixo traseiro! Mau!

Experimento andar mais mais uns metros e a oscilação continua. Voltamos para trás... A uma velocidade lenta mas segura tentamos voltar ao hotel tentando sair daquela zona desértica e árida. O vento aumenta progressivamente e a visibilidade diminui: Uma tempestade de areia?!! So nos faltava mais esta. Sera que que mota se aguenta? Lentamente, km a km, os segundo parecem horas mas la voltamos a segurança do hotel.

Saco das ferramentas desmonto a maxila do travão e tento fazer um diagnostico mais correcto. Ligo ao amigo João Rodrigues, relato os sintomas e parece que se confirma: tudo indica que o rolamento do grupo cónico esta gripado. Grande azar! E logo aqui no fim do mundo. Bem... antes aqui que no meio da pista no Sahara!

Contacto a assistência em viagem e um reboque aparece 4H depois. Vai levar a mota para Tunis onde se encontra o concessionário BMW mais próximo. E nos resolvemos apanhar o primeiro autocarro para Tunis na esperança de resolver o problema o mais depressa possível.

Foi uma viagem alucinante. O Condutor conduzia sempre em excesso de velocidade um autocarro de varias toneladas como se fosse um ligeiro desportivo. Tudo isto entre discussoes, cadeiras partidas, crianças a chorar e a luta pelos poucos lugares vagos ainda em condições.
Apesar das varias paragens para meter passageiros, as 10 horas de viagem iniciamente previstas transformaram-se em 8, gracas ao excesso de zelo do condutor. Viagem de loucos!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Tatauoine - O planeta natal do Luke Skywalker

Saímos cedo do hotel decididos a chegar a Tataouine. Seguimos caminho contornando a Ilha de Djerba para Este. Aqui sucedem-se os resorts e hotéis de luxo, zonas comerciais e ate um grande casino. Passando a "zone touristique" entramos numa costa deserta e ventosa recheada de flamingos cor de rosa que se propaga ate ao sul da ilha. Em El-Kantara (não... passamos por casa da Catarina), existe a única ponte que liga a ilha de Djerba ao continente africano. Facto curioso: Apesar do mar do lado direito da ponte estar extremamente ventoso e picado, do lado esquerdo reina uma calmia quase idílica. O mar parece um espelho!

O trajecto para sul faz-se sem percalços e chegamos rapidamente a Tataouine. Tataouine e uma pequena cidade do sul, já perto da fronteira da Líbia e que pelas suas fantasticas formacoes rochosas dos períodos jurássico e cretáceo, impressionou o Sr George Lucas, levando-o a fazer no local algumas das filmagens do Famoso 'Star Wars' (no filme, Tataouine seria o planeta natal de Luke Skywalker).

O guia diz que por aqui existem imensos 'ksour', por isso resolvemos ver o mais famoso e e bem conservado das redondezas - o Ksar Oued Soltane.
Um ksar (ksour no plural) e uma pequena vila fortificada, feita em terracota, ao bom estilo árabe, e reflecte o modo de vida deste povo alguns séculos atrás (e alguns ainda são habitados).

Entramos na pequena fortaleza e ficamos muito impressionados com a beleza da construção. Este, apesar da idade, esta estranhamente em excelente estado de conservação, e supomos que de alguma maneira habitado, visto ainda haver vestígios de cereais nos seus silos (ou gofras).



Tiramos uma mão cheia de fotografias e saímos do ksar já tarde, tentando encontrar o inicio da pista para o Ksar Guilane - um ksar a 100kms para oeste já no limite do grande Sahara.

Paramos a porta de um hotel chamado 'Mabrouk' para saber a direcção e e-nos dito que já e tarde e que a pista e traiçoeira e nada aconselhável de fazer a noite. Fizemos apenas +20kms ate a pequena vila Chinini famosa pelas suas grutas e voltamos para trás. O sol cai rapidamente atrás de nos e começámos a procurar um sitio para pernoitar.

Falamos de novo com o dono do hotel Mabrouk. Este, muito simpático e ao ver as nossas caras quando falou em 35euricos/noite, sugeriu que acampássemos nos jardins do hotel por 10!! Boa! Vai ser o nosso primeiro
acampamento. Vamos a cidade comer umas pizzas, actualizar o blog na Internet, e deitamo-nos cedo.

sábado, 9 de outubro de 2010

Gabés

Hoje passamos uma noite lixada. Já não bastava a barrigada de Couscous e cerveja do jantar de ontem a fazer estragos na barriga, ainda tivemos um mosquito a aterrorizar-nos a noite inteira.

O dia de hoje foi pacifico. Saímos de Tunis, mais tarde do que queríamos (como já vai sendo habito), e dirigimo-nos para sul. Passamos pela famosa Hammamet para comer qualquer coisa. Hammamet é a versão tunisina de Portimão. Uma extensa zona de praia apinhada de turistas. Um grupo de Harleys Italiano ultrapassa-nos no centro e cumprimenta-nos. Estamos em Outubro mas o sol continua abrasador por aqui.

Comemos rápido e seguimos para Sousse, onde ainda tiramos umas fotos a uns navios de piratas, existentes por ali para turista ver. Mais tarde, visitamos outra pérolq dq Tunisiq/ El Jem.

Anfiteatro de El Jem (ou de Thysdrus, em língua púnica) é o maior coliseu do norte de África, e o maior do mundo a seguir ao de Roma. Situa-se a cerca de 200 km a sudeste de Tunes, na Tunísia. O enorme anfiteatro construído no século III (mais concretamente entre 230 a 238) por ordem do oficial Gordian, que podia acomodar 35 mil espectadores, ilustra a grandeza da Roma Imperial e foi inscrito pela UNESCO, em 1979, na lista dos locais ou monumentos que são Património da Humanidade.



O local esta muito bem conservado, e não é difícil imaginar como seria na antiguidade com as suas bancadas apinhadas de gente sedenta de violência e sangue, com lutas de gladiadores e animais selvagens. Simplesmente fascinante!!


A estrada nacional por aqui é visualmente muito pobre e tem muito transito, por isso seguimos pela autoestrada. Em Sfax a autoestrada subitamente acaba. Ainda não acabaram este troço. O sol começa a descer rapidamente obrigando-nos a um ritmo mais rápido. Ha que ter cuidado porque a Tunísia à dois anos liderava o top mundial de acidentes rodoviários mortais.

Ja no lusco-fusco, aproximamo-nos de Gabés. Na berma da estrada sucedem-se dois tipos de negocio: dezenas de pequenos tasco com esplanada onde baloiçam penduradas pelas patas algumas ovelhas (decerto para consumo), e vendedores de gasolina avulso.
Esta ultima terá sido contrabandeada da vizinha Líbia e é vendida por aqui em pequenos vasilhames de 5 litros com uma margem proveitosa. Um facto chama-nos a atenção: alguns dos vendedores colocam lamparinas a óleo com chama ardente, directamente em cima da pilha de vasilhames, para chamar a atenção dos clientes!! Dado que a distancia media entre vendedores é menos de 5m, nem quero pensar na eventualidade de uma delas pegar fogo.



Já de noite encontramos um pequeno hotel no centro de Gabés. Jantamos junto à praia por apenas 7 euros e voltamos ao hotel. Amanha vamos tentar ir até à ilha de Djerba. Segundo o guia, parece que talvez de para fazer mergulho. On va voir... Bonne nuit!!!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tunis - A metropole

Acordamos cedo, deixamos as tralha toda no hotel e seguimos para norte, para Bula Regia. Aqui já se vê o cuidado que os tunisinos tem com o turista. Ao contrario das ruínas Argelinas, aqui existe um edifício de apoio com café, casas de banho, bilheteira e souvenires. Compramos os bilhetes (+/-2euros/cada) e um livro ilustrado muito interessante sobre o local! Bula Regia foi fundada pelos romanos e é caracterizada pela adaptação das construções debaixo de terra para fugir ao calor Tunisino. As casas térreas estão em ruína total, mas as construções debaixo do solo estão em muito bom estado de conservação, podendo ser contempladas ainda algumas salas com os típicos azulejos romanos ainda no seu estado quase original. Uma guia oferece-se para nos dar uma visita guiada, mas so trocamos 10 dinares. Resultado: tivemos uma visita "speedy gonzalez". Menos mal. Assim despachamo-nos mais cedo!

Seguimos para o hotel, carregamos a mota e seguimos para Tunis. Tunis é enorme! Não fica nada aquém de qualquer metrópole europeia. Nem em tamanho, nem em confusão de tráfego. Aqui conduz-se à Árabe! Valha-me os 2 anos em que fui estafeta em Lisboa. Mais uns dias por aqui e já passo despercebido!!

Aqui dou graças a Deus (não Luis...não és tu!) ter trazido o Oregon da Espaços Sonoros. Tenho alguns hotéis marcados no GPS e vou directo ao primeiro que esta no guia American Express da Tunísia. Este encontra-se bem no centro da baixa de Tunis. Não tem garagem mas ha um parque publico subterrâneo no prédio do lado onde deixo a mota.

Descobrimos que os Tunisinos produzem e BEBEM cerveja! Porreiro! Sentamo-nos numa esplanada chique da avenida principal a beber umas jolas. A cerveja deles chama-se "Céltia" é boa e escorrega bem.. nada mal para terminar mais um dia...

Dia dois em Tunis. Acordamos cedo, e procuramos o museu Bardo. Depois de algumas voltas pela confusão da Capital, la encontramos o famoso museu. Galerias de salas mostravam o que de melhor se retirou em matéria de mosaicos romanos, das varias ruínas romanas do pais. Mosaicos inteiros passaram facilmente da sala de jantar de uma qualquer família nobre romana para as paredes deste local. Impressionante! A única coisa que me custa, é pensar no estado em que ficou a dita sala depois dos curadores do museu la terem passado.



Compreendo a necessidade de conservação de tamanho tesouro histórico, mas levando os ditos mosaicos, despem as famosas ruínas do que tinham de mais belo.



Talvez uma solução possível, passasse pela substituição do mosaico original por uma copia, devolvendo as casas romanas algum do resplendor de outrora.



A tarde, fazemos um passeio pela antiga medina. Labirinto de encruzilhadas repleto de lojas de perfumes, artesanato, roupa e todos os artigos existentes em qualquer chinês da baixa lisboeta.



A noite um jantar de tradicional Couscous a acompanhar umas Celtias fresquinhas na companhia de um novo amigo: o Lotfi, o guarda do estacionamento onde parqueamos a mota e que se ofereceu desinteressadamente para servir de cicerone neste fim de tarde.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A entrada na Tunisia - Bon Courage!

Depois de um acordar num quarto que mais parecia uma piscina, saímos cedo de Annaba, e dirigimos-nos à fronteira. Temos duas à escolha à distancia de poucos quilómetros: uma segue directamente a norte junto ao mar por Tabarka e outra que da acesso ao sudoeste na direcção de Jendouba. Como queríamos ver Bula Regia e Dougga (ambas duas ruínas romanas património mundial da Unesco), decidimos-nos pela segunda fronteira.

A chegada somos mandados parar para preencher as formalidades. E uma fronteira pouco concorrida e somos logo atendidos. Há alguma confusão no preenchimento dos formulários. O Guarda aponta surpreendido para a catrefada de nomes que ostentamos no passaporte! "Qual o apelido? E o nome próprio? Mas o que são o resto dos nomes no meio?" - La explicamos ao senhor guarda que a maioria dos portugueses não tem só dois nomes, e que alguns (como eu), chegamos a ter 6 ou 7! Ele desconfiado manda preencher como esta no passaporte, e manda-nos levar a moto para uma garagem ao lado para inspecção. Estou eu a começar a desmontar a parnafenália de besidróglios agarrados à mota, já disposto a mostrar tudo, eis que aparece um senhor muito bem posto e bem falante cheio de estrelas nos ombros. Mete conversa connosco, quer saber de onde vimos e se fizemos tudo de mota. Nota-se que é uma pessoa culta e desenvolve-se uma conversa muito interessante sobre os portugueses e os seus feitos. Um dos guardas lembra-se de Cristóvão Colombo e de Vasco da Gama! Impressionante! Alguém que não diz quando sabe que somos portugueses, as duas palavras mais ouvidas nesta viagem: Cristiano Ronaldo.

Os outros guardas nem ousam aproximar-se dada a presença de tão ilustre figura. Este diz-nos educadamente que podemos seguir e que estamos despachados da alfandega, desejando-nos um forte "Bon Courage!"

A saída da fronteira Argelina da lugar a entrada na fronteira Tunisina. Cometo logo uma Gafe! Sem me aperceber que as fronteiras eram coladas ia já entrar pela Tunísia adentro sem dar cavaco a ninguém! Os guardas acenam e volto para trás! Ah!! E já aqui!! Pardon monsieur!! Curiosamente aqui são mais despachados e as formalidades são rápidas, e passados 20 minutos já estamos no caminho para sul. A estrada tem de monge muito melhor aspecto do que do lado Argelino. Tudo é mais cuidado e menos sujo. Terá decerto a ver com o facto de a Tunísia ser um pais Turístico.

Perdemos demasiado tempo com a passagem de fronteiras e já não há tempo para ver Bula Regia. Paramos em Jendouba, a 10kms a sul das ruínas e procuramos um hotel para dormir e trocar alguns euros por dinares tunisinos. Amanha vamos ver Bula Regia - A Real!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A praia de Annaba

Acordamos de manha e montamos a bagagem como habitual na Helga e dirigimos-nos a perfumaria do Alexander bem no meio da confusa Constantine. Assim que nos viu veio cá fora, acenou e grita: "Esperem que vou tirar a mota para fora e levo-vos a ver as vistas!" - Porreiro, pensei eu... mas espera la.. não é que o gaijo guarda a XT600 bem no meio da perfumaria? Olho de novo e la esta ele, já cá fora a dar ao quique. E um dos primeiros modelos e não tem arranque eléctrico.

Sucedem-se mais uma serie de voltas por Constantine e Arredores. Realmente ha muito que ver por aqui. As famosas escarpas parecem ainda maiores e mais altas à luz do dia. Passamos também por umas piscinas de agua termal aquecida no sopé dos desfiladeiro. Estou rendido à beleza natural desta cidade! Despedimos-nos mais a frente à saída da cidade. Ele volta ao trabalho e nos fazemos-nos ao caminho.

Entramos numa autoestrada quase deserta que por aqui ainda é gratuita =), a ver se recuperamos algum do tempo perdido. O tempo passa rapidamente e, mesmo seguindo a um ritmo elevado, quase ilegal... ok.. totalmente ilegal.. digamos que a Helga nunca andou tão depressa... resolvemos sair em Annaba, porque já não haverá tempo para as formalidades de fronteira.

Annaba tem tanto de porto pescatorio, como de local de veraneio. Tem uma marginal muito interessante que acaba num pequeno largo.. quase que faz lembrar Sesimbra: a praia, os pescadores e os hotéis rascas sobrevalorizados. Algumas banhistas tomam banho totalmente vestidas. E o preço a pagar por terem nascido mulheres neste pais.



Encontramos um com bom aspecto mesmo em frente ao areal, com local para guardar a moto e casa de banho no quarto com sanita! Coisa rara por estas bandas! Fixe! 28 Euricos por uma noite? Chiça! E caro, mas já estou um bocado farto de c###r de pé!!! E que é já aqui!!



Fomos dar um mergulhito (o primeiro) no Mediterrâneo e voltamos ao hotel para tomar uma banhoca e tirar o sal. Era bom demais para ser verdade! A sanita deixa escapar agua da cuba e a casa de banho tem agua até às escadas! Avisados os responsáveis do hotel, alguém vem limpar a agua toda. Resultado: canalizador só no dia seguinte!
Peço para deixarem um pano para segurar a agua durante a noite, mas de manha já esta tudo na mesma. Azar! Não quero saber! Desde que a sanita funcione!!

Fomos jantar a uma Pizzaria com bom aspecto ao lado do hotel. E época baixa e somos os únicos clientes. Pagamos de novo tuta e meia por um excelente jantar: Pizza, sumos naturais e Banana Split de sobremesa. Assim da gosto ser turista! Gosto!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Djemila e as gargantas de Constantine

Saímos de Argel, em direcção a Constantine. A ma condução dos Argelinos continua a reflectir-se na auto-estrada. Aparentemente ninguém respeita um único sinal por aqui. Circula-se em alta velocidade pela esquerda, camiões inclusive. Com 3 faixas, a faixa da direita quase nunca tem circulação. Faz-me lembrar outro pais qualquer a beira mar plantado...

Passadas 2H la chegamos a primeira paragem obrigatoria - Djemila!

Djémila, a bela em árabe, localiza-se na wilaya de Setif, na Argélia e é considerada desde 1982 pela UNESCO como patrimônio da humanidade.



Situada a 900m acima do nível do mar, com seu fórum, seus templos e suas basílicas, seus arcos do triunfo e suas casas, Djémila (ou Cuicul) é um exemplo importantíssimo do urbanismo romano adaptado a um lugar montanhoso.



Foi fundada provavelmente do breve reinado de Neiva, entre 96 e 98 d.C..A cidade primitiva ocupa uma posição defensiva geograficamente, sendo instalada entre duas altas montanhas rochosas.



Para poder se expandir, a cidade se voltou ao sul, povoado por habitações privadas e públicas: o arco de Caracalla (216), o templo da Gens Septimia (229), um novo fórum, um teatro e termas, além de uma miniatura da fonte de Meta Sudans, encontrada em Roma.

Os Vândalos se estabeleceram a Djémila por pouco tempo, os Bizantinos recuperaram a cidade em 553. A cidade, abandonada, só foi escavada a partir de 1909.



Segundo a própria UNESCO, é um dos conjuntos de ruínas romanas mais bonitos no mundo. O sol começa a cair e seguimos viagem.

Os kms sucedem-se e la chegamos ao destino - Constantine.

Dois argelinos numa Yamaha XT600 indicam-nos o caminho para o Albergue. São muito simpáticos e divertidos e combinamos uma saída a noite para ver as vistas. O Alexander e o Mohammed aparecem mais tarde e levam-nos por um pequeno tour a volta da cidade de carro. Interessa-lhes tudo o que tenha a ver com motas e nunca tinham visto um GPS ao vivo, fruto da realidade argelina quase fechada ao mundo ocidental/europeu. Parece que fizemos mais dois amigos.

Constantine é a terceira cidade da Argélia e foi construída em volta de uma impressionante garganta/desfiladeiro cruzado por algumas pontes muito originais. Do lado Oeste, encontra-se uma prisão politica (ainda activa!) cujas catacumbas são escavadas nas paredes da escarpa, onde se podem ver algumas grades de janelas de celas. Não consigo imaginar o terror quase medieval vivido por quem ali habita coercivamente.

A vista do cimo da escarpa, ou dos inúmeros pequenos miradouros, é imponente e ao mesmo tempo arrepiante, impropria para quem sofre de vertigens como eu.

Ja é tarde quando nos despedimos dos 2 novos amigos e vamos directos ao albergue. Amanha acorda-se cedo porque vamos entrar na Tunísia!!

domingo, 3 de outubro de 2010

Algiers - Deuxieme Jour!!

Um novo dia amanhece em Argel. Um pequeno almoço típico reforçado e saímos com a família Zerrouki para uma visita as redondezas. Almoçamos junto ao mar, um maravilhoso almoço de marisco e peixe fresquinho, ao que se segue uma breve visita as antigas ruínas romanas de Tipasa, consideradas património mundial pela Unesco.

Tipasa era um antigo posto de comércio púnico, e foi ocupada por Roma, que ali instalou uma base estratégica para a conquista dos reinos da Mauritânia. Possui um conjunto único de vestígios fenícios, romanos, cristãos e bizantinos, ao lado de monumentos autóctones, como o Kbor er Roumia, grande mausoléu real da Mauritânia.



As antigas civilizações sempre povoaram o meu imaginário desde criança e e com alguma ansiedade que piso o centro da arena, ainda em muito bom estado, e que me tento rever como escravo ou gladiador, ou mesmo um condenado a morte com leões ou outro qualquer animal selvagem.



Todo o resto do sitio arqueologico encontra-se num estado muito mau de conservação, permitindo-se ao publico circular por todo o lado, danificando tudo a sua passagem, inclusive o chão de mosaicos de varias casas, dos quais já só se vêem vestígios. Segundo a mulher do Mohammed estes ainda estariam intactos no inicio dos anos 90, protegidos por areia.


A meio da tarde um pequeno passeio por Argel. O centro fervilha de actividade, como qualquer cidade argelina. O cambio ilegal de moeda estrangeira faz-se a vista de toda a gente e a menos de 10m da policia local, que vai fazendo vista grossa.


As 18h ouvem-se os altifalantes dos minaretes, chamando os crentes a oração. As ruas ficam semi-desertas durante este período. Os muçulmanos rezam a Allah 5x ao dia e sempre virados para Meca. Ate os quartos de hotel tem uma seta no tecto para indicar a direcção exacta.



Fica decerto muito que ver de Argel, inclusive a sua incrível medina. Talvez haja tempo quando retornarmos da Tunísia.

sábado, 2 de outubro de 2010

Algiers - Le Capital!!

Hoje tivemos a sorte de apanhar um albergue com duche e sanita!! Coisa rara por estas bandas. Ok, não havia agua quente, mas para variar... não pagamos, por isso não nos podemos queixar! Saímos de Saida directos a Mascara, onde paramos para meter gasolina e comer.

A nossa amiga Catarina lembra-se de filmar a entrada na cidade, em frente a um policia e somos mandados parar como de costume. Depois de mirar a mota de cima a baixo, pede os documentos e pergunta para onde vamos. Disse que queríamos comer e meter gasolina sem chumbo. Orientou-nos um restaurante e disse-nos que depois nos indicaria a localização da bomba. Depois de comermos (outra vez) Polet avec des frites, saímos do restaurante e ja nao se via um policia... via-se 2 gendarmes, 2 mulheres policias, um oficial da brigada anti-terrorista, uma viatura da gendamerie e duas scooters da brigada de transito local. Todos eles se ofereceram para nos levar a bomba mais próxima. Fez-nos sentir VIPS!! Grande escolta!!! Pagos os 5/6 euros da praxe para abastecer a Helga, acompanharam-nos à saída, e ainda houve tempo para troca de contactos e e-mails! Aqui até os policias são terroristas!

Seguimos viagem para Algiers. Aqui o transito é caótico! Os vários controles policiais existentes em todas as entradas da cidade também não ajudam nada ao cenário. Ligamos ao Mohammed, que nos indica o caminho para sua casa na cidade olímpica. Conhecemos a sua simpática família e jantamos um jantar divino típico argelino: Couscus caseiros, kebab e tâmaras!

Choukran Mohammed!!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Tanto Terrorista!!!!

Hoje resolvemos sair cedo mas para variar... saimos tarde!!! E mais!! Nao pagamos dormida!! Foi oferecido!! Estes terroristas sao lixados!!!

Ainda houve tempo para um rapido pequeno almoço tradicional em casa do Bouamama Safi. Para os que ja estao a imaginar coisas... nao.. nao disse ao nosso anfitriao o que o nome dele quer dizer em portugues.

Feitas as despedidas, saimos do Oasis de Tiout rumo a Norte.

A paisagem para variar é fabulosa. De ambos os lados acompanhamos duas cordilheiras pertencentes ao Alto Atlas, que mais parecem a superficie lunar. Sao lisas, nuas de vegetaçao, como se tivessem sido lixadas com pedra pommes. Do lado direito pode-se ainda observar uma corrente de dunas junto a base da montanha trazidas do Sahara pelo vento. Imagino a vista do cimo da Cordilheira da direita que faz a fronteira com o deserto: centenas de kilometros de dunas de areia serpenteantes a perder de vista.

As retas interminaveis sucedem-se de novo, permitindo a moto um ritmo mais elevado, e rapidamente chegamos a El Bayad. Ali procuramos um sitio para comer. Poulet avec des frites! Para variar! Quando vamos pagar o proprietário do estabelecimento diz: "Cest bon! Rien a payer...".
Que diabo?... mas quem pagou? - "Cet Monseur celui la!!!"
Não sei quem e o homem mas vou agradecer.. Choukran Monseur!!! Diz que não e nada, que somos seus convidados e que somos bem vindos ao seu pais!

Por acaso tem sido uma cena recorrente. Afinal não eram todos bandidos e terroristas? Então porque me dão todos as boas vindas ao seu pais, e se vê que o dizem de coraçao? Porque toda a gente nos oferece um café ou um chá a primeira oportunidade que tem de falar connosco?

De certo que tiveram um periodo conturbado no seu pais há uns anos atrás, mas como já disse noutro post, juro que nunca estive num pais tão hospitaleiro e amigável. Mais 3 jovens se juntam a conversa e acabamos todos a conversar e a beber um café, que como já devem adivinhar também não pagamos.

Um pouco mais a frente já perto da cidade de Saida, vejo uma pequena loja de acessórios autos e tento a sorte. Quero comprar um dístico da Argélia daqueles que se colam nas traseiras dos carros para colar nas malas da mota. Não só o dístico nos e oferecido como nos encontramos outra vez a beber uma coca cola a borlix com o proprietário da loja.



Ao chegar a cidade de Saida somos recebidos pelo ex-presidente da câmara e instalamo-nos no Albergue da cidade universitária. Depois de jantarmos num restaurantezito local ainda nos oferecem uma sodazinha de limão para a viagem!

Estou a começar a gostar destes Terroristas simpaticos do Sul!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A casa dos SAFI

Depois do Oásis ainda houve tempo para passear calmamente pela pequena vila, e pelos jardins e Hortas circundantes. Ali encontramos todo o tipo de verduras e fruta como tomates, pimentos, figos, romãs, azeitonas, etc...

Fizemos também uma visita ao Ksar. Um Ksar (ou alcácer - do árabe "Qsar" - "قصر") é uma pequena vila fortificada, composta por casas, armazéns e outras estruturas colectivas (como mesquitas), geralmente situado num oásis do Magrebe, e construídas em adobe ou outro material semelhante. Este é ainda incrivelmente habitado por algumas famílias.





De volta ao Albergue fomos convidados pelo Safi para uma pequena visita social a casa da sua mãe, e la fomos nos... sem saber o que nos esperava...

Chegamos a uma casa térrea de tamanho considerável e somos convidados a entrar. Algumas crianças deambulam por todo o lado e o Safi convida a Catarina para entrar na zona da cozinha. Ao tentar segui-la sou subitamente barrado: Non! Pas de tout! Seulement des femmes! Les hommes c'est celui la!! So mulheres? Que raio?! Aceno com a cabeça e sou conduzido para uma sala onde se encontram apenas homens. Nesta cultura ancestral e ainda muito tradicional, os homens e as mulheres ainda fazem a sua vida separados. Nada de misturas!

A sala é decorada apenas com tapetes e almofadas no chão e existe um pequeno móvel com uma televisão. Alguns homens já se encontram sentados encostados à parede, ao que começo a cumprimentar toda a gente: Salam! Salam Aleikoum! ça va bien?

Desenvolve-se uma conversa muito interessante sobre a Argélia, o terrorismo, e todo o bluff politico que envolve este pais tão hospitaleiro. Na verdade, e ao contrario só que se pensa na Europa, já não há casos de terrorismo há muito tempo, e é tudo (segundo eles) um caso de agitação e manipulação politica por parte dos EUA; pelo facto da Argélia ser um pais produtor de petróleo.

Pessoalmente, sentimo-nos muito seguros e extremamente bem recebidos por aqui. Existe actualmente um esforço muito grande do governo para garantir a segurança dos cidadãos, e vemos imensa policia por todo o lado. Mas é uma presença simpática e não autoritária. Pedem-nos sempre para parar, mas apenas para apreciar a moto!

Tudo isto em frente a um chá de menta! E' um corropio de gente e a entrar e a sair daquela casa, e pergunto-me porquê.. Vim mais tarde a descobrir através da Catarina, que se tratava de uma festa de Condolências pela morte do Patriarca da família, que morreu há uns tempos atrás.

Mais uns Salam Aleikoum's, e eis que chega o jantar: Couscous! Feito pelas mulheres que só começaram a comer na cozinha depois do ultimo homem ter terminado. Ha um que brinca: "Maintenant tu va manger avec des terrorists!" - Todos se riem e começa a refeição.



Observo com atenção como fazem, e repito tentando fazer o mesmo. O pedaço de carneiro que acompanha os Coucous é desfeito com as duas mãos e dividido em 4 pelos convivas que comem sentados no chão em cima de pequenas mesas a um palmo do chão.
A carne come-se com as mãos, e o couscous com uma colher, e todos comem directamente da terrina a sua porção. Que experiência!



A Catarina por seu lado, diverte-se entre as mulheres ajudando na preparação do jantar num enorme alarido frenético. Inicialmente foi conduzida para uma sala idêntica em tudo a dos homens, mas onde se se encontravam algumas anciãs, inclusivamente a Matriarca. Esta ultima, de ar austero mostra bem a sua posição, dando ordens a toda a gente.

A Catarina la se consegue escapulir das anciãs e propõe-se a ajudar na cozinha. Os Coucous são preparados de forma tradicional, e fala-se dos costumes locais e portugueses.

No lado dos homens a conversa, como se havia de esperar vira para Futebol... Estou lixado! Pesco tanto de bola como da vida sexual da lula algarvia: "Vous est du Benfica?" - Parece que ha um argelino a jogar na Madeira... Subtilmente tento mudar a conversa para o relato da viagem, enquanto chega mais chá!

Uma hora mais tarde aparece o Safi dizendo que nos acompanha ao Albergue. Feitas as despedidas, la aparece a Catarina vinda da copa dizendo: "Ui... A confusão la dentro com as mulheres e crianças é total! Ja te mostro, porque filmei tudo!

A caminho do Albergue ouve-se os sons de um casamento tradicional. A nosso pedido somos levados ao local. Duas dezenas de convivas dançam uma dança tribal em frente a uma tribuna onde se encontra o noivo. Tudo ao som de tambores e gaitas.



Espectacular! As mulheres fazem a sua festa separadas numa casa ali perto, onde se ouve RAI alto e a bom som! Por Allah! Que confusão! Tiro algumas fotos e videos e retiramo-nos para o albergue para não incomodar.

Foi uma noite cheia! Uma experiência inesquecível!

Nao perca amanha o próximo episódio, porque nos... também não!!!!

O Oasis de Tiout. Mais perto do Paraiso....

Este dia foi o mais cheio até agora. Aconteceu, e vimos tanta coisa nova e surpreendente, que parece que estamos por aqui a mais de uma semana.

Acordámos cedo, montámos as malas na Helga e despedimo-no de Tlemcem. Seguimos para sul em direcção a Sebdou. Passando Sebdou, as rectas imensas e intermináveis fazem-se ao som de RAI (musica pop argelina) que sai pelo sistema Autocom instalado nos capacetes, criando uma atmosfera única...

Finalmente chegamos a latitude mais a sul da viagem: Ein Sefra. Ein Sefra é uma pequena vila, onde nada ou quase nada acontece. Curiosamente um jovem adolescente ve-nos passar e volta passado uns minutos exibindo-se numa enorme BMW RT, fazendo derrapagens e travagens de uma maneira assustadora.

No interior da Argélia quase ninguém tem telefones fixos, por isso existem dezenas de pequenos estabelecimentos chamados Taxi-Phone, onde se podem fazer chamadas a preços reduzidos. Entramos num destes últimos e ligamos ao nosso contacto em Tiout e nosso novo amigo Bouamama Safi: Oui! Seulement 17 kilometres par Este!

As Gravuras Rupestres


Ao chegarmos a Tiout, o Safi espera-nos a entrada da vila e leva-nos ao Albergue da juventude local. Depois de renovadas as energias com um duche fresquinho, leva-nos a ver as gravuras rupestres que dão fama ao local.

Num cenário quase lunar, de cores terracota muito fortes, apreciamos as fantásticas gravuras que datam de a mais de 10.000 anos, descobertas nos anos 50 por um arqueólogo estrangeiro. E impressionante poder tocar numa gravura que alguém terá feito ainda o homem dava os primeiros passos. Estas, retratam cenas de caça a animais existentes na época e agora já extintos na região como ursos, elefantes, antílopes, e avestruzes.



O Oásis


Começamos a caminhar e uma centena de metros mais a frente, eis que surje a verdadeira pérola de Tiout: um maravilhoso e verde Oásis, digno de qualquer filme de Hollywood. Nascentes brotam da areia desaguando numa pequena barragem/dique (segundo parece o mais antigo do pais), tornando este local a única fonte de agua das redondezas. Esta é então distribuída por um engenhoso sistema de canais artesanais que irrigam todas as hortas e jardins que cercam o Oásis.









Este Oásis tem um ambiente magico, relaxa-nos, e deixa-nos sem palavras. Decerto o lugar prefeito para quem quiser meditar. Temos de ca voltar. Insha'Allah..